ECONOMIA MUNDIAL

25/04/2011 11:36

 

FMI: Economia mundial crescerá 4,5% em 2012 apesar de terremotos e revoltas

 

(Atualiza com declarações do economista chefe do FMI).

Paco G. Paz.

Washington, 11 abr (EFE).- A economia do planeta continuará com a lenta, mas imparável recuperação em 2011 e 2012, com altas de 4,4% e 4,5%, apesar das sombras projetadas pelas revoltas no Mundo Árabe, a tragédia climática no Japão e a crise de dívida europeia, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo o último relatório sobre as "Perspectivas Econômicas Mundiais", divulgado nesta segunda-feira, a organização avalia um panorama de recuperação mundial que se estende tanto pelas economias avançadas como pelas emergentes, embora carregado de incertezas.

O economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, afirmou nesta segunda-feira em entrevista coletiva que três números definem bem a dinâmica de recuperação em andamento.

"Esperamos que a economia mundial cresça ao redor de 4,5% tanto em 2011 como em 2012, mas as economias avançadas crescerão a uma taxa de 2,5%, enquanto as emergentes e em desenvolvimento avançarão a um ritmo muito mais alto de 6,5%", afirmou Blanchard.

Após a grave crise financeira de 2009, o mundo alcançou em 2010 uma expansão geral de 5%, mas com grandes diferenças entre ricos e "pobres" que ainda continuam.

Blanchard ressaltou hoje que a recuperação continua sendo "desequilibrada".

"Na maioria das economias avançadas o crescimento segue ainda muito abaixo de seu potencial", afirmou o economista, que alertou que o elevado índice de desemprego desses países provavelmente se manterá durante anos "sob crescimento" e destacou que os emergentes enfrentam o risco de superaquecimento econômico devido a que operam quase a pleno potencial e à chegada de grandes fluxos de capital.

No mundo em desenvolvimento e os países emergentes aumentarão sua riqueza em 2011 e 2012 em 6,5% por ano. O principal destaque vai para dois gigantes, China e Índia. O primeiro deve crescer 9,6% e 9,5% neste ano e no próximo, enquanto o segundo crescerá 8,2% e 7,8%, respectivamente.

O crescimento mundial, aponta o Fundo, não estará isento de riscos. Os mais imediatos para os países ricos são o alto desemprego, do qual não conseguem escapar, assim como as reformas do sistema financeiro e o corte dos gastos públicos.

Para os países emergentes, e especialmente os da América Latina, o maior perigo é o do superaquecimento, ou seja, crescer acima de suas capacidades, o que poderia levar a uma disparada dos preços, comprometendo seu bom momento econômico.

O FMI recomenda às autoridades da região a adoção de medidas para controlar as pressões inflacionárias motivadas pela "forte entrada de capitais". No entanto, adverte o Fundo, surgiram outros fatores que, sem ter um impacto forte no crescimento, poderiam criar tensões sociais, como ocorreu no Oriente Médio com a alta nos preços dos alimentos.

A organização reconhece que esta elevação "representa uma ameaça para as famílias pobres e exacerba as tensões socioeconômicas, particularmente no Oriente Médio e no Norte da África".

O Fundo reconhece estar vigiando de perto a propagação das revoltas sociais, que por enquanto estão elevando o prêmio de risco da dívida soberana, freando o turismo e reduzindo os investimentos estrangeiros dos países afetados.

A região do Oriente Médio e o Norte da África crescerá neste ano 4,1%, um décimo a menos que o projetado faz há seis meses, embora o Fundo tenha corrigido amplamente as previsões para o Egito, cuja economia crescerá 1% em 2011, e a Tunísia (1,3%).

Outro fator que será acompanhado com atenção é a alta do preço do petróleo, mas os analistas da organização apontam que, pelas informações que têm até o momento, "os transtornos ocorridos até agora terão apenas efeitos mínimos sobre a atividade econômica".

Sobre o devastador terremoto e posterior tsunami que atingiu o Japão em 11 de março, o Fundo disse que seu "impacto macroeconômico projetado é limitado", embora reconheça que as "projeções estão cercadas de grande incerteza". De fato, o FMI elevou em três décimos as expectativas de crescimento do Japão para 2012 - 2,1% -, embora a deste ano tenha sido rebaixada em dois décimos, para 1,4%.